Artigo escrito por Cristiane Mayworm, consultora, mulher de 52 anos, corpo gordo, filho autista gordo e modelo plus size sênior. CEO da Tudo Sobre Inclusão Consultoria – @tudo.sobre.inclusao_pcd
O design universal, também chamado de design inclusivo tem a ideia central de criar espaços, produtos, serviços e interfaces para que atendam e possam ser usados pelo maior número de pessoas possível, independentemente de sua idade, habilidade ou situação. Esse tema ainda precisa ser discutido e adequado em diversos aspectos dentro da sociedade, incluindo arquitetura, moda e nos eventos.
Na moda por exemplo, a indústria oferece roupas em tamanhos com uma grade mais ampla, com roupas estilosas, modernas, confortáveis que atendam a diversidade de corpos, inclusive os corpos gordos infantis até os adultos. Ainda vemos em um número reduzido a representatividade desse grupo em campanhas publicitárias, como protagonista principal em filmes, séries ou no cinema e até mesmo em propagandas e mídias.
Ainda sofremos em restaurantes, veículos e aeronaves onde as poltronas são apertadas, desconfortáveis e não transmitem segurança por serem projetados para suportar pessoas mais baixas e pequenas. Pagamos por um serviço que não nos atende como merecemos.
O ser humano teve um crescimento em média de 4 cm de altura nas últimas seis décadas, mas o mobiliário, carros e espaços ainda não se adequaram a realidade da população de 2024. Sempre observo nos ambientes corporativos, sociais como os teatros e shows a falta de cadeiras menores e de tamanhos maiores, pois a diversidade humana é muito diferente da década de 60 e cada vez mais as cadeiras são desconfortáveis e coladas uma do lado da outra. Tivemos uma pandemia e vimos o conforto de sentar-se mais separadamente, com movimentos e nossos pertences mais adequados a nossa ergonomia e a do outro também.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo IBGE em 2019, cerca de 41 milhões de pessoas, ou seja, 26,8% da população adulta brasileira com 20 anos ou mais, eram obesas. Ainda segundo a PNS, 60,3% da população adulta brasileira estava com excesso de peso, o que corresponde a 96 milhões de pessoas. Desse total, 62,6% eram mulheres e 57,5% eram homens.
A acessibilidade é um direito garantido por lei e todas as pessoas gordas merecem ter acesso aos mesmos espaços, oportunidades, trabalhos, eventos, segurança e conforto.
As pessoas são únicas, mas seu estilo e formas não são padronizadas. Pensar no atendimento 360 graus, às pessoas com corpos diferentes, gordos e diversos é um ato de integração, educação e sabedoria, pois esse público valoriza cada dia mais as empresas, profissionais e os locais que o acolhem como visitante e consumidor. Quer construir um relacionamento duradouro e fidelizado, pense no design universal e receba os lucros e dividendos do mercado plus size diverso.